Levantei às 4:20h. Arrumei o caiaque, preparei lanche e água, e parti para a Urca. Às 5:30h, ainda com o céu estrelado e decorado com uma bela lua, entrei na água. A praia iluminada, a baía cercada de luzes testemunhava minha vontade. Fui remando devagar, dando tempo para o dia nascer.
Remar à noite tem magia. O mar, a princípio negro, foi mudando de tom, passou para chumbo e logo depois adquiriu uma tonalidade azul escuro metálica. Muito, muito bonito.
Cheguei ao Forte da Laje, onde pretendia esperar o dia clarear, mas o mar remexia muito naquele ponto e resolvi seguir. O céu já apresentava sua paleta de cores. Já dava pra atravessar.
Aproveitei a preamar, sem correntes, para atravessar e cheguei na costa niteroiense com o astro rei me dando as boas vindas.
Dali até a Praia de Charitas, foi uma remada tranquila, apesar do sol rasteiro ferindo os olhos. Cheguei em Charitas e fui procurar um lugar pra deixar o caiaque. Tive o prazer de conhecer o Jorge, dono de um quiosque, que deixou que eu guardasse meu caiaque junto ao dele. Ainda por cima sugeriu e me passou as coordenada para que eu fosse no "panorama", segundo ele melhor e mais seguro que o Santo Inácio.
Entretando, eu estava com o Santo Inácio na cabeça e vim namorando ele na chegada a Charitas, de forma que rumei para ele. Porém, ao chegar na rua onde se inicia a trilha, me deparei com um portão fechado e sem vigia. Não me dei por vencido. A rua é pública. Esperei um carro sair e entrei. É, mas não adiantou, no final da rua, onde começa a trilha a surpresa: duas grades e cerca elétrica. Mais uma trilha privatizada.
Fiquei ligeiramente frustrado. Mas o Jorge havia salvo o dia. Rumei para o Parque da Cidade e fui para a rampa de Asa Delta. Não era uma trilha, era um estrada, mas a idéia não foi ferida. Cerca de 240m de desnível, e se abriram as paisagens que ilustram esta postagem.